sexta-feira, 27 de julho de 2007

A primeira

Vez ou outra eu falo com as pessoas sobre as dificuldades que passei na primeira gravidez, e acho que um post sobre isso vai me ajudar a contar a história de forma detalhada, e ao mesmo tempo resumida. É uma história que envolveu muito sofrimento, mas vale muito a pena ser contada (e lida) porque o final foi MARAVILHOSO!!!

Desde que me casei, fui pressionada a engravidar. Confesso que sempre fui muito insegura sobre o assunto maternidade. Achava que não daria conta de cuidar de uma criança, já que nunca tive muito afinidade com nenhuma delas. Além disso, acho que sou meio egoísta (ou totalmente?) e não conseguia imaginar como conseguiria abrir mão das minhas atividades para inserir as atividade de uma criança no meio delas. Bom, mas um dia a vontade pintou e, antes que ela fosse embora, parei a pílula e engravidei.

Engravidei depois da primeira menstruação, foi super rápido! Mas só descobri quando já estava com 8 semanas, pois tive um sangramento de 15 dias quando estava com 4 semanas, então achei que tinha ficado menstruada.

Bom, até a 20a. semana, as coisas andaram relativamente bem. Tive um probleminha com a placenta, algum sangramento, mas foi contornado com tranquilidade. Tive enjôo, mas nada insuportável, tive muita vontade de fazer xixi e MUITO sono, o que foi ótimo dada a minha insônia.

Na consulta de 19 semanas, comentei inocentemente com a minha obstetra que minha barriga endurecia de vez em quando. Ela me disse que isso era contração, que eu fosse pra casa contar quantas aconteciam por dia, pois até 4 seria normal para esta fase. Fui pra casa, monitorei de tarde. Realmente eram 4 contrações, mas por hora.

A partir daí, meu repouso começou. Não precisava ficar deitada, mas não podia sair de casa, a não ser para ir ao médico, laboratório ou hospital. A médica receitou alguns medicamentos (aerolin, inibina e buscopan), que me acompanharam até o final.

Com 20 semanas, fiz minha primeira visita ao hospital. As contrações aceleraram mesmo tomando remédio e fui pro hospital tomar a medicação misturada ao soro, para ser mais eficaz. Fiquei apenas uma noite e fui embora com as contrações controladas.

Voltei ao consultório com 21 semanas, depois de fazer uma ecografia. O meu cólo estava começando a se apagar e a abrir, o que significava uma ameaça de aborto. Quando a médica fez o toque, me internou na mesma hora para fazer a cerclagem, uma pequena cirurgia que costura o cólo do útero para impedir que ele se abra.

Bom, no final deste dia, estava já na sala de cirurgia do hospital para que a médica desse os pontinhos. Como a Periquita já estava toda encaixadinha, a doutora me disse que eu delirei durante toda a cirurgia pedindo para que ela não costurasse a cabecinha dela. E ela me disse que a danada já nasceria de lacinho. Pense que mimo, piruinha como a mãe desde a barriga :)

Para recuperar da cirurgia, fiquei uma semana no hospital. As minhas estadias no hospital consistiam em tomar a medicação de sempre (aerolin, buscopan e inibina), mas as duas primeiras eram no soro, ou seja, atuavam mais rápido. O fato de estar no soro também ajudava a controlar, pois ele hidrata e diminui a concentração de hormônio que provoca as contrações.

Eram momentos complicados. Tenho as veias finas e bailarinas (elas ficam dançando quando as enfermeiras tentam pegar) e era um custo me colocar no soro. E como sempre que eu chegava no hospital eu estava praticamente entrando em trabalho de parto, as enfermeiras acabavam ficando nervosas quando demoravam a conseguir. Numa das vezes, o 6o. enfermeiro foi quem conseguiu. Imaginem as picadas...

Era duro também ficar só assistindo TV. Quando eu estava em casa, podia olhar as coisas da Periquita, fazer livro de receita, organizar fotos, jogar buraco com o maridão e meus pais e PASSEAR NA INTERNET. Ficar no hospital era dureza, uma monotonia. Além da TV e dos livros, o passa-tempo preferido eram as palavras cruzadas. Mas a rotina consistia em medir o tempo de duração e o intervalo das contrações.

O maridão sofreu um bocado tb. Ele trabalhava o dia inteiro e me aturava quando chegava em casa. Ou me aturava no hospital, dormindo numa cama mínima, ele que tem mais de 1,90m. De vez em quando a gente brigava feio, mais por cansaço meu, e eu sempre ía tomar banho para acalmar os nervos :) Era a coisa mais drástica que podia fazer...

Bom, ainda voltei para o hospital outras duas vezes. Na última, quando estava na 30a. semana, fiquei 10 dias. Foi complicadíssimo emocionalmente falando. Até que um dia a médica decidiu me dar um anti-depressivo, sem que eu soubesse, e eu fiquei ótima! Quando ela chegou no hospital no dia seguinte, eu disse pra ela que estava super tranquila, que não sabia o que tinha acontecido. Aí ela revelou o segredo, contou que me deu o anti-depressivo. Adivinhe a pergunta do marido: "Doutora, será que ela pode tomar este remedinho até o final da gravidez?" Quase morremos de rir :) Na verdade, acho que ele tb devia estar precisando de um remedinho, pois me aturar (uma chata convicta) não deve ter sido fácil. E ainda nem podia dar umazinha, pelo menos não comigo.

Teve um episódio que me marcou. Quando eu fiz o ultrassom na 28a semana, Periquita estava com 1,2Kg. Liguei para a obstetra para contar. Ela solta a seguinte frase: "Graças a Deus passou de 1Kg, agora já pode nascer". Neste dia, apesar de estar feliz porque ela estava bem, eu fiquei assustada. Vi que a situação era realmente crítica.

Aproveitando, devo ressaltar que Periquita sempre estava bem. Fiz 11 ecografias durante a gravidez e em todas ela passou com louvor. O meu útero era que tomava bomba em quase todas. Ninguém sabe explicar porque tive contrações tão cedo. Investigamos depois que a Periquita nasceu se tenho um cólo curto e a médica acredita que não. Então não tem uma explicação porque isso tudo aconteceu.

Quando Periquita completou 34 semanas, a doutora suspendeu os remédios e eu voltei a trabalhar. Ela considerou que já tinha me torturado demais (de repouso) e que então a pequena já podia nascer. Uma semana depois que eu parei os remédios, as contrações vieram com força total e a danadinha veio ao mundo.

Juro pra vocês que tinha toda a certeza de que o parto seria normal e que faria a mínima força. A doidinha quis nascer desde 19 semanas, imaginei que eu ía abrir as pernas e ela ía cair. Tudo rápido, tranquilo e calmo. Mas, a minha decepção foi ENORME. As contrações começaram no dia 29 à noite (15/15 min). Liguei para a médica e ela me disse para ir pra casa tranquila e que fosse ao consultório no dia seguinte às 8h. Chegando lá, elas estavam de 5/5 mim, mas só tinha 1 cm de dilatação. Pediu para voltar quando tivesse 3 contrações a cada 10 min. Às 16h, estava eu no consultório e a dilatação estava em 2 cm. A médica disse que só poderíamos esperar mais uma hora, e se não aumentasse, a cesárea seria feita.

Quase morri de desgosto. Para completar, a UTI neo-natal do hospital onde estava acostumada (internei lá todas as vezes e fiquei superamiga das enfermeiras) não tinha vaga, e tive que ir pra outro. Tudo diferente do que tinha planejado.

Às 20h, Periquita nasceu, de cesárea, mas me pergunte se lembrei de algum destes problemas na hora? Tudo sumiu e ficou mínimo! Ela é linda, nasceu forte (2830g), grande (48cm), sadia (ficou apenas uma noite na UTI). E, eu que passei metade da primeira gravidez prometendo que a minha próxima gravidez seria uma adoção, decidi no instante que a vi que a próxima gravidez seria uma outra gravidez e que ela não tardaria. Saber por quê? Simplesmente porque cada detalhe deste valeu a pena! Minha Periquita guerreira nasceu com 35 semanas e, desde então, não dá trabalho... Nem cólica teve. Uma benção nas nossas vidas.

E cá estamos nós produzindo o próximo! Estou vivendo outros problemas, mas estou muito mais tranqüila. Hoje eu sei que no final tudo dá certo!

PS: Ficam aqui os meus agradecimentos. Ao maridão, que foi e é um pai ímpar. À Dra., que foi corajosa e paciente comigo. Às enfermeiras que cuidaram muito bem de mim. Aos amigos e parentes, que faziam visitas constantes e diminuíam a monotonia dos meus dias. À minha mãe, que apoiou todos os momentos.

Um comentário:

Daniela Seabra disse...

Oi Fa, mas se vc nao precisava ficar de cama, qual o problema em ir ao trabalho durante a gravidez da Periquita? Eh pq vc nao podia andar ou dirigir?

Bjo,
Daniela (Seabra, pq acho que tem outra Daniela comentando o blog.)

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